Mensagem de Mateus Websky

18/03/2010 at 22:42 (Histórico do movimento Conserva o CONSERVAtório)

É um absurdo o que tem sido feito ao Conservatório nos últimos tempos. A Secretaria da Cultura e Turismo havia dito aos professores que pretendia fazer deste ano um ano de transformações no Conservatório. Começamos com o pé direito, com os nossos professores recebendo o aviso prévio no primeiro dia de aula.

Então, talvez para reparar o mal entendido, a Secretária Elizabeth Schmidt convocou uma reunião com todos os pais, alunos e professores. Curioso, eu nunca tinha visto ela numa reunião nossa antes. Aliás, nunca a vi pisar no Conservatório. Mas ela disse que sabia nossos anseios e que tinha a solução para o nosso futuro.

Ela então explicou que o Conservatório é da prefeitura e que com base nessa autoridade, ordenou o cancelamento do convênio com a Associação de Pais e Mestres, porque a forma de repasse de recursos não estaria de acordo com o tribunal de contas. Para isso seria firmado contrato com a Fundação UEPG, a qual faria concurso para seleção de professores e que as aulas retornariam ao normal muito em breve. Então teríamos uma fase de transição de aproximadamente três anos e que o Conservatório se transformaria numa escola técnica.

Eu não acredito em palavra de político. E nada nos foi mostrado de concreto. Não nos mostraram o novo contrato com a Fundação UEPG, nem o edital do concurso. Não se revelou o novo plano pedagógico. Eu nem sabia que precisávamos de um novo plano pedagógico?

Aliás, estou sabendo também que está prontíssimo o projeto da nossa nova sede, onde era a Indústria Wagner. Lindo, com pirâmides de vidro e aço escovado. Eu perguntei aos professores, ao diretor, o que eles achavam e nenhum viu este projeto, ninguém foi consultado. Ora, não é óbvio que a primeira coisa a se fazer antes de iniciar o primeiro rabisco de um arquitetônico é a consulta aos usuários? Até eu sei que vidro e aço são péssimos para acústica.

Mas, voltando ao assunto de escola técnica: para quê? Para mim está muito claro: o Conservatório faz a musicalização, o ensino musical de base, ensina a tocar algum instrumento, se a pessoa quiser seguir carreira na área, procura a própria UEPG, a Belas Artes, vai para Alemanha, enfim, e tem um diploma superior. Agora, com todo o respeito, qual é o tamanho do mercado de trabalho para um técnico em música? E quem daria a formação de base para eles chegarem ao técnico? E teria ainda aulas das disciplinas normais de ensino médio: português, matemática, biologia, física… Será que três anos bastariam para empreender tal transformação?

Isso tudo me parece aquele conceito de administração chamado reengenharia. Consiste em radicalmente abandonar tudo que existia anteriormente na organização: demitir, refazer o organograma, mudar o plano de negócios, os produtos, etc. e fazer tudo novo com o objetivo de obter uma guinada nos resultados da organização. Estava na moda há uns vinte anos atrás. Só que foi feito sem planejamento. Se a lei que impede a atual maneira de efetuar os repasses pela prefeitura existe desde 2005, porque agora tanta celeuma? Levaram então cinco anos para chegar neste plano maravilhoso que nem ainda vimos, se é que existe. Acho curioso políticos de uma hora para outra estarem interessados no Conservatório.

Além de ter sido feito sem planejamento, muitíssimo pior: o processo transcorre sem participarmos, nem sequer termos sido consultados. Alguém perguntou quantos pais de alunos querem seus filhos numa escola técnica? Alguém pediu os planos pedagógicos que os professores já adotam para propor alterações? Será que seus alunos querem um diretor com mestrado?

Eu, pessoalmente, adoraria que o diretor tivesse mestrado. Na verdade que todos os professores tivessem mestrado. Mas eles nunca tiveram apoio para terem aperfeiçoamento. Acho que o que será gasto com a rescisão trabalhista dos professores paga um curso de mestrado para cada um deles… ali em Curitiba tem um, por exemplo. Mas essa é minha opinião, talvez os outros alunos não julguem isso interessante. Por isso insisto: alguém perguntou se éramos favoráveis a alguma destas mudanças? (aliás, na última reunião todos fomos unânimes contra). Isso se chama democracia. Nós vivemos em uma.

Acho que aqui se encontra a diferença entre os pontos de vista. O Conservatório não é da prefeitura. É dos seus alunos. Atuais, passados e futuros. Da comunidade, que paga os impostos. A prefeitura é apenas seu fiel(?) administrador.

Mateus Websky

2 Comentários

  1. Regina Stori said,

    Olá!
    Gostaria de parabenizar os professores e funcionários pelo trabalho que têm desenvolvido ao longo desses anos no Conservatório.
    O Conservatório é um importante espaço de democratização do acesso ao ensino de música. Por meio das aulas, concertos e capacitações tem permitido que mais pessoas possam vivenciar e apreciar a música.
    Toco na Orquestra de Flauta Doce do Conservatório e temos podido representá-lo em vários espaços: igrejas, hospitais,teatros.
    Continuaremos nessa luta!
    Regina Stori

  2. L. said,

    ótimo texto, Mateus!

Deixe um comentário